Aletria

Vamos avante, sou insistente, perdeu-se o texto, mas não o rumo.
Houve um tempo em que o alimento não te não tocava a  alma,
Ingeri-lo era violar a tua intimidade, por isso o rejeitavas,
Mas uma fada, percebeu que não era apenas uma questão de anorexia,

Então, com a  varinha, ela  fez do comum  o inédito, e deu-te de comer,
Dias após dias, aquele doce alimento te nutria e compensava.
Incansável, mesmo no fim do dia, mesmo no calor do impiedoso fogão,
Ela elaborava, com suor e lágrimas,  o manjar dos deuses.

Ninguém entendia como sobrevivias, o segredo não estava no alimento,
O amor dos gestos, da esperança da caridade, era o que era mais valia.
Nem o tempo, nem a rejeição,  foram suficientes, para neutralizar,
O carinho, a dedicação, ou as preces de uma mãe em dobro.

Enfim cresceste,  agora que a  presença física da fada, se faz ausente,
Não temas, pois trazes em teu sangue,
A chama, daquele amor que nunca cessa,
Daquela mão que nunca te abandonou, daquele olhar que nunca te perdeu...


     homenagem póstuma,  a dedicação de minha mãe  que durante anos a fio, cuidou  com todo amor do meu filho.

                            Rio de Janeiro, 19-11-2013.

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