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Saudade...

Toda saudade é reticente... Toda saudade encerra em sí, mais do que uma ausência. Se a saudade dói, essa lacinante dor é intratável. Diz-me se tens saudade, que te direis se és feliz. Olha à tua volta, percebe o quanto a saudade é soberana, Capta esse breve momento, absorve cada aroma que se esvai, Ouve o que diz teu coração, como na canção, ... a saudade é o pior castigo... Se tens o dom do acalanto, derrama sobre mim teu manto, Afasta dos meus passos, essa derradeira tirania,Concede-me, mesmo que por breves instantes,O esquecimento, dessa tormenta, dessa distancia... Sob meus passos, deixas-te marcas que o tempo não apagou, Sob meus olhos, deixas-te rugas que revelam forte avalanche, Que nenhuma represa jamais ousou estancar... P.S - No Brasil, o dia da saudade é comemorado oficialmente em 30 de janeiro. Rio, noite de 3/julho/2011. Rog.

O Palhaço

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Querem saber o que sempre me deu saudade de verdade? Foi aquele rosto pintado, debochando da vida, Foram os risos e as caretas que marcaram o meu tempo, Foi toda aquela irreverencia perante o trágico. Lembram das tardes de domingo ? O circo repleto de olhares vivos. Lembram dos gritos de alegria misturados ao pavor? Eram reflexos das nossas nascedouras angústias, Foram as primeiras testemunhas do medo que nunca entendemos. Alí, no centro do picadeiro, o heroi de todos, reinava absoluto, O palhaço, que ao ocultar a sua dor, fazia de conta que era feliz. Mas a sua falsa felicidade, lhe escorria pela tinta do rosto, Embora no ar, espalhasse a magia de uma alegria que nunca conheceu  Não importava... o que trazia dentro de sí, pois tudo era oculto,  Pela fantasia e pelos sonhos que disseminava e fazia crer,  Que por traz de toda aquela tinta, existia um mundo melhor,  Para o qual todos os olhares de esperança vindos da platéia,  Eram convidados a participar para um brinde inesq

O Sano e o Insano

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Uma tênue  linha  separa  as duas divindades, Suas existências  convivem pacificamente em nossas mentes, A primeira habita o mundo tolerável, a segunda perverte a origem, Este é o dualismo que  sobrevive  à  todo  conhecimento. A existência da primeira não é capaz  de anular a segunda, Mesmo no auge da sanidade, sempre  haverá a sombra de insanidade, Ambas são figurantes do palco da vida, a todo instante reclamam seu papel, Mas  a  migração definitiva,  uma vez  realizada, se torna irreversível. Assim tem sido no correr dos séculos, como o desafio da Esfinge, Se  apesar de tantas tentativas, mudar não é possível, Resta  encarar como fato consumado,  entender como justiça divina, Ou prosseguir  na busca  do almejado elixir da razão ?

A Casa Demolida

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Passaram-se tantos anos e nas fotos, a casa teima em existir, Ainda sinto o cheiro de terra molhada, quando ao final da tarde, Meu pai se esmerava em regar todos os cantos do jardim, No ar ainda pairam os latidos de paloma, a cadela da casa. Sou capaz de identificar,  virtualmente no solo,  minhas pegadas, No espaço ainda vejo o colorido dos papagaios que tanto amava, A bailar ao redor da mangueira que  teimava, em  reter sua passagem, Quantas vezes desejei  ve-la   seca, mas suas as mangas eram doces. A casa tinha uma magia, todos os papagaios lhe vinham ter, E os moleques gritavam no portão, em vão, alí era minha fortaleza. Doces anos, caiadas paredes que viram minha sombra crescer, À noite, com as mãos, criava monstros e dava-lhes vida. Agora no album,as fotos parecem querer saltar... vamos descolem, Soltem as amarras enquanto é tempo, resgatem cada história. Olha, Monteiro Lobato, a  Casa foi demolida, Mas o menino ainda existe...                             Rio

O que tem a ver a Poesia com a Medicina ?

Ambas são nascidas do nosso imaginário, enquanto  a primeira estimula os sentimentos e a criatividade, a segunda, mais objetiva  e  palpável, normatiza  as relações do conhecimento com o funcionamento do corpo. Com a Medicina  é possível  atinguir o outro de uma forma  mais concreta, com ela é possível  curar e previnir, já a Poesia,  trabalha o abstrato, trata  do imponderável, do invisível, mas também cura e quando não consegue, consola... Visite minha  página no recanto das letras: http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=32655