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Mostrando postagens de outubro, 2013
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                                  A Matemática                                                  Ei, minha nobre companheira, que outrora me roubaste o sono, Agora, esquecida e enfraquecida, posso te olhar do alto, Quantas vezes quase me levaste ao desespero, Mas hoje, posso enfim, te ver apenas como uma ciência vazia. Não que os teus teoremas, não tenham valor, não é isso ! Nem que o fantasma da trigonometria ainda me morda o calcanhar, Mas é um  alívio  saber que nunca mais me porás à prova, Nem mesmo que por ti, terei de queimar o meu ATP ! Nobre amiga, ainda não te esqueci, pois deixaste marcas indeléveis... Sabes aqueles cadernos aos quais, misturei tinta e lágrimas ? Ainda guardo como um trofeu, num lugar inatinguivel do armário. Sei lá, a vida dá cada volta, e mesmo sem achar possível, Quem sabe, o destino te faz despencar sobre a minha escrivaninha, E tuas páginas retornarem indecifráveis, tal como o enigma da Esfinge...                                    Rio de Janeiro
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Amoreira silvestre Num passado muito  distante, foste minha companheira das tardes, Eu te amava e não me pertencias, era no vizinho que crescias, Mas teus galhos me procuravam e sabiam o quanto te desejava, Eram meus, teus melhores frutos, de  sabor  suave e selvagem. Assim ficávamos embebecidos, e  quanto mais te consumia, Mais te doavas... mútuo prazer nos unia e, assim crescemos juntos. Quanto de ti ainda existe em mim, nos lábios, no sangue e no peito ? Agora, passados tantos anos, já nem sei se existes e  tens frutos. Naquela  sombra dos teus galhos, me abriguei nos dias ruins, No sabor dos teus frutos, saciei  minha carência infantil, Nunca mais te esqueci, e ainda te procuro em canto da cidade. Hoje, resolvi dar um fim a essa busca  insensata, Passei, olhei, meditei e deixei meu coração voar, Entre várias, te apontei e sei que a escolha foi guiada. Agora vou cuidar de ti, de tal forma, que se não te sufocar, Hás de crescer, florir e frutificar, e novamente nos unirem
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Tristeza Em cada canto, um lamento. Em cada lembrança, uma  decepção. Em cada passo, uma espera. Em cada noite, uma insônia. E assim, vão passando aos saltos, Esses tumultuados dias de  fim de inverno. Olho para as mãos, os dedos em riste, Parecem apontar  espaços inexistentes. Como são impávidos os minutos, Se arrastam lentamente, que nem os  percebo, E só vão, não voltam, se esgotam como fumaça, Depois deixam  lágrimas, que escorrem em valas. Se o peito arde, é porque suspiro muito, E esse coração de lata que ainda não aprendeu o ritmo, E esses cabelos grisalhos que tendem ao desalinho, Como  manter a serenidade no meu jugo ? Como ser manso e pacífico ? Se os fantasmas ainda exibem sua toga noite adentro...      Rog -   25-8-2013 - Rio de Janeiro Rog
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O Primeiro Celular Hoje, num súbito, alçaste como um troféu, o meu celular, Ví um brilho nos teus olhos e um sorriso diferente no teu rosto, Assim, nesta posse, sempre reprimida, tuas mãos tremeram, Posso, não posso, devo,não devo, parecias querer dizer. Por instantes ficamos indecisos, eternos momentos de agonia, A regra sempre foi não pode, mas o desejo, não segue regras. O manual  que te impuseram ao longo da vida, te deixou indeciso, As amarras que te ataram por tantos anos, agora se faziam ausentes. O tempo passava, passava, e nada acontecia ao objeto do desejo, Não se desfez em cacos e, as tuas mãos já acariciavam as suas teclas, Afinal, no que resultou essa barreira atroz, como entender o proibido, Se o temor era mútuo, que tanto valia essa angústia pelo incerto ? Ao final, conquistador e conquistado fizeram uma trégua, O celular se aquietou em tuas mãos, e o meu peito suspirou aliviado. Nada ocorreu, tudo estava como dantes, irreprimível e suave. Só dos  meus olhos, esc
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A criança que logo sou Em algum lugar do passado esse sorriso encantou alguém, No tempo e no espaço ainda persiste o eco dessa alegria, Aquele olhar, que ao longe, tudo via , é atemporal, Esses cabelos, tais como as searas, conheciam o segredo dos ventos. A vida seguiu, e a vivacidade se fez companheira, Assim, como dervixes rodopiantes, o tempo brincou em teus olhos, Antes, depois, o que importa ? se o eterno sempre contém o fugaz. Querer revelar as cores, dessa alegria em preto e branco, É como tentar desvendar a imensidão dos desejos, É tão difícil, como explicar, a criança que logo sou...                          Homenagem ao dia das crianças.                      Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2013.            Rog